3) Poética – imitação da vida na qual o autor utiliza os personagens para se dirigir ao leitor. Como comunicação mediata (interposição de personagens e enredo), está mais sujeita a erros de interpretação.
De acordo com Miriam, é necessário aprender como interpretar a comunicação poética. Com freqüência, é o mais fácil, mais natural e mais eficaz meio de comunicação, tal como nas parábolas (que às vezes também são de difícil compreensão).
Na
Poética, Aristóteles distingue seis elementos formativos da obra gramática:
- Enredo
- Personagens
- Pensamento dos personagens
- Dicção ou estilo
- Música
- Espetáculo (produção)
Tragédia – produz no público uma purificação das emoções através da compaixão e do temor (o sofrimento trágico do herói). O herói, assim, precisa ser um homem não perfeito, mas bom, cujo infortúnio provenha não de depravação ou maldade, mas por erro de julgamento ou falha em seu caráter.
Ethos –> caráter
Logos –> pensamento
Pathos –> emoções e estilo (tudo como na Retórica)
Segundo Miriam, “a Poética está numa posição única entre a história e a filosofia. É mais filosófica e de maior importância que a História porque é universal e não singular; representa o que poderia ser e não apenas o que foi através dela o ouvinte ou leitor deduz o significado da natureza íntima de uma coisa tal como esta foi percebida pelo artista. É mais comoviente do que a filosofia, pois é percebida e concretizada intensamente no indivíduo retratado e o apelo é à pessoa toda: à imaginação, aos sentimentos e ao intelecto – e não apenas ao intelecto”.
Conto – forma mais curta de narrativa com enredo (princípios aplicáveis ao romance, ao drama e à epopéia).
1) Enredo – elemento essencial e primeiro na poética. “Os personagens se revelam na ação”. Combinação de incidentes intimamente ligados à unidade da ação; começo, meio e fim (os tópicos de causa e efeito são as ferramentas de análise da poética). Narração de eventos selecionados e conectados de forma causal que surgem de conflitos e vão terminar na sua resolução.
Enredo de um conto – única situação: um personagem central enfrenta um problema, e o enredo é a solução deste. Tanto o final feliz quanto o trágico são soluções. Personagem –> problema –> solução
Elementos da ação
- Situação ou exposição necessária para entender a narrativa;
- Complicação, catalisador do conflito maior (ação ascendente);
- Solução ou conjunto de eventos que levam ao desfecho (declínio da ação).
Problemas da ação – necessidade da
plausibilidade. Como diz Miriam, “não importa quão imaginativa ou fantástica uma trama possa ser, ela precisa criar ilusão: deve parecer real”. Para assegurar a plausibilidade, é preciso:
- Motivação natural e adequada;
- Planificação e antecipação adequadas e habilidosas, as quais incluem motivos e detalhes de cenário ou ambientação, aparência, incidente, etc;
- Detalhes vívidos, concretos, realistas;
- Criação de uma ambientação eficaz;
- Tom.
Início da trama – pode ocorrer em qualquer ponto da ação. Geralmente é melhor lançar-se
in media res (no meio da coisa) (como faz Homero) e contar o passado (ação retrospectiva) em pontos de significância. Uma trama não pode começar por uma ação retrospectiva (≠ reminiscência).
Cenas dramáticas e não-
dramáticas – constituem a narrativa. Uma
cena é obrigatória se a necessidade psicológica requer uma apresentação dramática que satisfaça o interesse do leitos e que torne a estória ou um personagem convincente e plausível. Um
diálogo deve favorecer o desenvolvimento do enredo, revelar o personagem e ser natural. Deve ter a qualidade da fala e se ajustar ao personagem e à situação.
O ângulo de narração
- 1) Ponto de vista
- 1ª pessoa – personagem principal ou não;
- 3ª pessoa – narração onisciente;
- 2ª pessoa – dirige-se ao leitor (raro).
- 2) Foco – perspectiva de quem vai contar a estória. Um ângulo de narração incomum pode tornar interessante uma estória trivial. O cambiar de pontos de vista é um efeito muito interessante.
- 3) Plano (quadro) – uma estória pode ser contada dentro do plano de outra maior.
- 4) Grau de dramatização
- Estória objetiva – fala e ação dos personagens;
- Estória subjetiva – pensamentos de personagens;
- Antecipar sinais de acontecimentos posteriores sem revelá-los altera o suspense e a plausibilidade. Suspense – curiosidade ou ansiedade aprazível criada pelo interesse na estória. Motivação dos personagens, antecipação e estrutura contribuem. Surpresa não é suspense.
- Transição – articulações entre os segmentos da ação.
- Técnica de apresentação – artifícios para contar uma estória.
A estrutura de uma estória
Miriam utiliza como exemplo
O pedaço de barbante, por Guy de Maupassant.
Personagem: Mestre Hauchecorne.
Problema: livrar-se da suspeita de roubo.
Solução: ele não consegue se livrar e morre protestando em vão sua inocência.
Tema: as aparências enganam.
Início da ação: Hauchecorne apanhou do chão um pedaço de barbante e um inimigo seu o viu.
Ponto crítico (de decisão): acusado por um inimigo de apanhar uma carteira que havia sido roubada, livra-se da acusação mas não da suspeita de seus concidadãos.
Desenlace: esgotado por fazer-se acreditar, definha e morre, ainda em descrédito.
Personagens – figura imaginada que desempenha um papel na história.
- Redondos – multidimensionais.
- Planos – distingüidos por um traço notável (personagens-tipo, estereótipos).
- Desenvolvidos
- Não-desenvolvidos
- Desenvolvidos a partir de tipos
- Motivação – elo entre personagem e enredo. Plausibilidade e suspense.
- Revelação direta (caracterização) – autor/observador descreve o personagem.
- Revelação indireta – através do que pensa/diz/faz
- Riqueza descritiva – suspension of disbelief
Pensamento – os pensamentos e as qualidades morais dos personagens são as causas naturais da ação ou do enredo (Aristóteles)
- Declarações gerais (ditos sentenciosos) – proposições gerais, apotegmas, provérbios que expressam uma visão universal, um juízo ou uma filosofia de vida. (Hamlet deve muito de sua qualidade filosófica a isso).
- Tema – idéia subjacente à história toda, capaz de ser declarada em uma frase. “A um homem não deveria ser permitido que perecesse por completo” — Dostoievsky, O Ladrão Honrado
“O sacrifício pelo bem público enaltece o sofrimento que acarreta”—Eurípedes, Ifigênia em Áulis
“O auto-conhecimento é o primeiro passo para a maturidade” — Jane Austen, Orgulho e Preconceito
Dicção ou estilo – para Aristóteles, dicção = comunicação por meio de linguagem. Para os modernos, dicção = palavras que o autor usa; elemento do estilo. Estilo = o manuseio das palavras e dos elementos da estória. Tom = postura do autor quanto ao assunto da sua obra e os artifícios pelos quais cria essa postura (sério, severo, realista, romântico, cínico, etc.).
- Dicção
- Pedante ou coloquial
- Abstrata ou concreta
- Simples ou poética
A maioria das estórias utiliza uma gama de dicções. Tais escolhas ajudam a comunicar os elementos do enredo.
- Sintaxe – estrutura da frase
Trajes e cenário – dos dois últimos elementos do teatro discutidos por Aristóteles, a música hoje não é essencial, diferente das canções do coro no teatro grego (hoje em dia só na ópera e relativamente nos filmes).
- Ambiente – muito importante na narrativa.
- Tempo e lugar da história
- Atmosfera (Poe grande mestre nisso). A escrita regionalista (cor local), a descrição minuciosa das localidades, vestimentas, costumes e linguagem. No naturalismo, o ambiente afeta diretamente o personagem e o enredo; o protagonista como vítima do seu meio (Émile Zola).
A obra como um todo
“As grandes narrativas poéticas mundiais levam o leitor a partilhar imaginativamente da rica e variada experiência de personagens individuais confrontados com problemas e condições de vida comuns a pessoas de todas as épocas”.
Tratar o mal como o mal, sem inspirar tentação sobre ele. Boas estórias apelam para o humano em nós. Suscitar perguntas, desenvolver respostas míticas.
Linguagem figurada
Cícero e
Quintiliano – a linguagem figurada inclui qualquer alteração, quer em pensamento, quer em expressão, dos moldes de falar comuns e simples. Atalhos e variações que empregam vivacidade e brilho. Cícero –
c. 90 figuras de linguagem (os mestres da Retórica da Renascença distinguem cerca de
200!)
- Esquemas – artifícios hoje tratados como meios de aprimoramento do estilo através da gramática: variedade de estrutura, estrutura paralela e antitética, equilíbrio, ênfase, estrutura elíptica e o uso de uma categoria morfológica em lugar de outra (p. ex., substantivos usados como verbos).
Esquemas retóricos de repetição são muito usados para enfatizar estrutura paralela, equilíbrio e ritmo (aliteração e repetição de palavras).
Esquemas retóricos de pensamento – logos, pathos e ethos.
122 das 200 figuras correspondem aos tópicos da lógica e às formas de raciocínio.
(Litotes <-- --> obversão) Entimemas, silogismos disjuntivos e hipotéticos e dilemas. O conceito moderno limita-se àquilo que os retores e retóricos da Antigüidade e da Renascença chamavam de tropos.
- Tropos – mudanças de palavras dos seus significados comuns e próprios para outros significados, não-próprios, a fim de aumentar sua força e vivacidade. É o uso imaginativo da palavra (“sua mente está enferrujada”). Possuem o poder de transmitir idéias com vivacidade n’um estilo condensado e pitoresco.
Tropo mais importante = metáfora
Retóricos renascentistas – 4-10 tropos
Quintiliano – 14 tropos
Irmã Miriam – 8 tropos
- 1) Tropos de similaridade
- A.Comparação por símile
“Como”, “assim”, “qual”, “do mesmo modo que”, “tal como”, “tão”, “igualmente” ou “assemelha-se”. Comparação imaginativa entre objetos de classes diferentes. (estritamente falando, não é um tropo, já que não há alteração do sentido próprio das palavras, mas sua semelhança com a metáfora é tão grande que tal distinção técnica é aqui ignorada). “João é forte como um touro”. “É que teu riso penetra n’alma como a harmonia de uma orquestra santa” — Castro Alves
- B.Metáfora – expressa, sem usar um conectivo, a identificação figurada de objetos similares de classes diferentes. “Maria é um doce”. “O senhor é meu pastor, nada me faltará, faz-me repousar em pastos verdejantes, leva-me para junto das águas de descanso, refrigera-me a alma” Salmo 23 “Minha vida se inclinou murcha, uma folha amarela no outono” — Macbeth 5.3.22-23
- C.Onomatopéia – uso de vocábulos cuja pronúncia tenta imitar o som da coisa significada – na Gramática. Na poesia, é a combinação de sons e sentidos para dar ênfase ao significado expresso pelo poema.
“Ouves acaso quando entardece vago murmúrio que vem do mar, vago murmúrio que mais parece voz de uma prece morrendo no ar?”
— Vicente de Carvalho, “Cantigas praianas”.
- D.Prosopopéia (personificação) – atribuição de vida, sensação e qualidades humanas a objetos de uma ordem mais baixa ou a idéias abstratas. “Aquele foi um dia triste”. “A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre ator”. “Lágrimas correndo piedosas”.
- E.Antonomásia
1) Nome próprio substitui uma qualidade associada a ele e passa a ser usado como nome comum.
2) Uma expressão substitui um nome próprio.
“Ele era um Einstein para resolver problemas”.
“Wall Street caiu hoje após más notícias financeiras”.
- 2) Tropos de relação entre sujeito e adjunto e entre causa e efeito
- A.Metonímia – adjunto por sujeito, sujeito por adjunto, efeito por causa, ou causa por efeito (eficiente, final, material, formal).
“Remindo o tempo, porque os dias são maus” —Efésios, 5:16
“Calais estava povoada de novidades e encantos”.
“Que minhas mãos caiam podres e nunca mais empunhem o aço da vingança” — Ricardo II.
- B.Metalepse – uma metonímia onde o efeito é significado por causa remota. “Vossos cabelos de jacinto, vosso semblante clássico, vossos ares de náiade trouxeram-me de volta ao lar, à glória da Grécia e ao esplendor de Roma” —Poe, To Helen
- 3) Tropo de divisão
- Sinédoque – substitui o todo pela parte, a parte pelo todo, o gênero pela espécie, ou a espécia pelo gênero.
“Ele me deu uma mãozinha”.
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. —Lucas 11:3
“Tal como um par de leões lambuzados da vítima”.
- 4) Tropo de contrários
- Ironia – “tenho por ti tanto amor que em breve mandarei tua alma para o paraíso” —Ricardo III
“O locutor falava com a suavidade de uma gralha”.
Figuras de linguagem ineficazes
1) Figuras misturadas – mistura de duas ou mais comparações. “A flor da nossa juventude é o fundamento sobre o qual construiremos até que nossa luz brilhe para o mundo todo.”
2) Clichês, lugares-comuns, chavões – figuras muito repetidas. “Corajosos como leões”. “Espertos feito raposas”.
Poesia e versificação
- Poesia narrativa – drama (teatro), epopéia, balada e romance (mesmas aplicações do que foi feito à narrativa com enredo).
- Poesia didática (expositiva) – merece o nome de poesia se tiver pensamento, estilo e ritmo. (De Rerum Natura de Lucrécio, Essay on Criticism de Pope)
- Poesia lírica – canção, hino, soneto, ode, rondó e várias outras. Expressa mais os sentimentos, impressões e reflexões do poeta. O teatro desenvolveu-se a partir da poesia lírica.
Aristóteles e os modos de imitação
Música –> ritmo e harmonia
Dança –> ritmo
Poesia –> ritmo e linguagem (métrica)
Para os
clássicos e neoclássicos, a poesia deve ser objetiva e apelar ao intelecto – atingir a beleza através de formas que ordenem perfeitamente a matéria.
Para os
românticos, a poesia deve ser subjetiva e apelar aos sentimentos – atingir a beleza através do livre e espontâneo jogo de imaginação e idéias sobre um material que pode ser tanto pitorescamente estranho quanto familiar e corriqueiro.
Em geral, contudo, ressalta Miriam, a poesia é comunicação de experiência, de emoção e também de pensamento, que abarca o universal sob o particular refletindo algum aspecto da beleza e da verdade.
A linguagem da poesia se distingue pelo ritmo acentuado, embora para Aristóteles e Wordsworth a métrica não seja essencial.
Energia, vivacidade, riqueza de imagens, agudeza e compressão (muito significado em poucas palavras).
“A poesia comunica experiência que não pode ser expressa de nenhuma outra maneira. O poeta vê e sente com uma profundidade e intensidade além daquela de uma pessoa comum; o poeta comunica não apenas pensamento, mas essa experiência. Ler poesia é partilhar da experiência do poeta.”.
A
forma da poesia deriva de sua própria perfeição; está, igualmente, embutida no significado e o expressa. (o oposto da poesia não é a prosa, mas o trivial, o prosaico)
Elementos de forma
- 1) Ritmo
- Paralelismo (parallelismus membrorum) – principal artifício rítmico da poesia hebraica. Repetição de pensamento em diferentes palavras, ou desdobramento de um só pensamento em dois membros paralelos.
“Gasta-se a minha vida na tristeza; e meus anos em gemidos”.
“Porque um instante dura a sua cólera; a vida inteira a sua benevolência”. —Salmos (segundo Miriam, sem paralelismos, os salmos são prosaicos)
- Cesura (poesias anglo-saxã, grega, latina e línguas modernas) – pausa ou corte num verso, geralmente no meio ou próximo dele. O verso aliterado dos anglo-saxões à cesura + aliteração = ritmo nítido e forte.
“We Twain had talked, in time of youth and made our boast // we were merely boys, stripplings still, // to stake our lives far at sea: and so we performed it.” — Beowulf
- Cadência – quedas e elevações da voz.
- Verso livre (vers libre) – usa a cadência inerente à língua. Trazido à atenção moderna pelos simbolistas frances do final do séc. XIX. Também encontrado na Bíblia (Salmos e Cânticos de Salomão).
- Métrica (versificação) – ritmo medido conforme um padrão regular e predeterminado de sílabas longas e breves. Principal artifício rítmico da poesia inglesa.
- 1.Unidade Métrica = pé = uma sílaba acentuada e uma ou mais não acentuadas.
- A) Dissilábico
- Iambo (Jambo) – sílaba breve, sílaba longa (ca-rouse’).
- Troqueu – sílaba longa, sílaba breve (un’-der)
- B) Trissilábico
- Dáctilo – sílaba longa, sílaba breve, sílaba breve (si’-len-tly).
- Anapesto - sílaba breve, sílaba breve, sílaba longa (in-ter-fere’).
- Anfíbraco – sílaba breve, sílaba longa, sílaba breve (in-sis’-ted).
- 2.Escansão – marcação (oral ou escrita) do pé do verso. De acordo com o número de pés, o verso pode ser: monômetro, dímetro, trímetro, tetrâmetro, etc.
- 3.Variações (como as síncopes na música)
- Catalexe – supressão de 1 ou 2 sílabas breves no fim do verso;
- Terminação feminina – adição de 1 ou 2 breves ao fim do verso;
- Anacruse – adição de 1 ou 2 breves no início;
- Truncado – supressão de 1 ou 2 breves no início;
- Espondeu – pé com 2 sílabas tônicas (geralmente substituído por algum dáctilo);
- Pirríquito/díbraco – pé com 2 sílabas átonas (breves).
- Ritmo (fraseado do verso) ≠ métrica (o padrão de pensamento pode não coincidir com o padrão métrico)
Segundo Miriam, “o verso pobre (não artístico) resulta da coincidência exata demais entre ritmo e métrica. Na boa poesia, o ritmo raramente corresponde à métrica com exatidão, ainda que com ela se harmonize e possas ser metricamente perfeito”. A variação se realiza dentro da ordem pelo uso de artifícios sutis e artísticos (como uma música clássica e um bom texto, afinal de contas).
- 2) Rima (precisa começar nas sílabas tônicas)
- Masculina (aguda) (oxítona) – sílaba final tônica em rima (reign, gain, hate, debate);
- Feminina (grave) (paroxítona) – duas ou mais sílabas rimando (unruly, truly, towering, flowering).
- Variações de rima
- Rima imperfeita (insuficiente) – palavras não idênticas nos sons rimados (heaven – even; geese – bees; ritmos – legítimos);
- Rima visual – palavras parecidas graficamente, mas não foneticamente (seven – even; love – prove).
- 3) Assonância – repetição de uma vogal no meio de duas ou mais palavras no mesmo verso. “A hand that can be clasped no more”.
- 4) Aliteração –repetição do mesmo som ou sílaba no início de duas ou mais palavras no mesmo verso. “What a tale of terror now their turbulency tells”.
- 5) Onomatopéia
- 6) A estrofe – unidade do discurso métrico como o parágrafo na prosa (contudo, poetas como Tennyson deixam um poema “correr” mesmo entre estrofes).
- 7) Formas de discurso métrico
- Verso branco/solto (blank verse) – na poesia inglesa, é o pentâmetro iâmbico sem rima (o pentâmetro iâmbico é a mais importante métrica inglesa, pois não é nem curto nem longo). Shakespeare e outros dramaturgos da Renascença seguiram o caminho estabelecido por Christopher Marlowe e utilizaram o verso branco.
- Dístico heróico (heroic couplet) – parelha (estrofe de 2 versos – copla) de pentâmetros iâmbicos rimados. Muito popular na Inglaterra do séc. XVIII por servir tanto a máximas morais quanto a ditos espirituosos ou chistosos.
“Know then thyself, presume not god to scan; the proper study of mankind is man.” — Alexander Pope
- Quadra heróica (heroic quatrain) – quatro versos pentâmetros iâmbicos rimados –> abab
- Soneto italiano (petrarquiano) – soneto – 14 versos. Escrito em pentâmetros iâmbicos. 1 oitava (ou 2 quartetos) e 1 sextilha (ou 2 tercetos).
- Soneto inglês (shakespeariano) (não o criou, mas o popularizou) – três quadras heróicas seguidas de um dístico rimado. Pentâmetros iâmbicos –> abab cdcd ef ef gg
- Estrofe spenseriana (estância spenseriana) – 9 versos rimados à (pent. iâmbicos) ababbcbcc –> hexâmetro iâmbico (“alexandrino” – vem de Roman D’Alexandre, composição iniciada por Lambert Le Tort e continuada por Alexandre de Bernay no séc. XII). Edmund Spenser (1552?-1599) – The Faerie Queene. Lord Byron usou-a em seu Childe Harold’s Pilgrimage.
- Rondó – poema em 15 versos/3 estrofes –> aabba aab refrão aabba refrão (= uma palavra, uma oração ou uma locução do verso de abertura).
- Triolé – estrofe de 8 versos –> AbaAabAB (maiúsculas = versos repetidos).
- Limerick – única forma de poesia nativa inglesa. 5 versos e o pé dominante é o anapéstico.
- Cinquain – verso livre com 22 sílabas/5 versos. Imaginado por Adelaide Crapsey (modelo sobre as formas japonesas hokku e tanka).
No próximo post, enfim a parte derradeira deste grande resumo do Trivium de Miriam, no qual exporemos o conceito de Ensaio com dicas de composição.