segunda-feira, 14 de junho de 2010

Trivium, as Artes Liberais da Lógica, Gramática e Retórica, parte X

Filosofia especulativa

Conhecimento da ordem real por amor ao conhecimento.
Abstrações
  1. Física (mundo material; abstrações das condições individuais. Preocupa-se com leis gerais e o tipo universal)
  2. Matemática (abstrai quantidade para consideração)
  3. Metafísica (abstrai o ser como ser)
Filosofia prática (normativa)
  1. Lógica – dirige o intelecto à verdade;
  2. Ética – ação, vontade para o bem;
  3. Estética – expressão; dirige o intelecto, os sentidos e as emoções para a beleza e sua contemplação.

A abstração é o fundamento dos campos científicos. Somente por abstração que o ser humano avança no conhecimento. Nenhuma ciência nos dá toda a verdade, e todas juntas nos dão uma verdade limitada, pois a mente humana é limitada. Pensar que o aspecto único que uma ciência abstrai é toda a verdade deturpa o conhecimento à perigo da especialização (abstratismo).

Por isso, a filosofia chega mais perto de nos dar a verdade completa, porque harmoniza todas essas descobertas (e inclusive as guia), na medida em que só podemos conhecê-la pela razão.

A teologia é um complemento com o conhecimento que a razão por si só não pode oferecer. A revelação – conhecimento especulativo + conhecimento prático a partir de Deus, o fim último do homem.


Defesa da Filosofia Perene


A lógica da Filosofia Perene apresentada por Miriam é desdenhada em muitas universidades como obsoleta e imprópria para uma era científica. O positivismo lógico admite como cognoscível apenas a experiência sensível da matéria e as relações de coexistência e sucessão nos fenômenos naturais. Nega o espírito, o intelecto e a capacidade de conhecer a essência (a crítica da irmã em 1937 era legítima. Hoje o Positivismo Lógico é considerado extinto).

A semântica moderna considera não só as palavras, mas as idéias, como arbitrárias e cambiantes, e não como representação de coisas que existem. A nova lógica matemática/simbólica torna-se mera manipulação de símbolos capazes de serem testados por sua coerência interna, um absurdo.

Para a Filosofia Perene, símbolos tais como os do silogismo representam um grau de abstração mais elevado e relações mais claras do que podem as palavras.



Composição e leitura


O desenvolvimento da lógica, retórica e poética.

Retórica – origem na Sicília, ao estabelecer-se uma democracia em Siracusa no ano de 466 a.C. – Corax e seu pupilo Tísias davam assistência aos expatriados para convencer os magistrados quanto às suas reinvidicações de restituição.
Corax – reuniu alguns preceitos teóricos com base principalmente no tópico da propabilidade geral (eikos) (ver Aristóteles, Retórica, 2-24.9).
Tísias – desenvolveu-o um pouco mais (ver Platão no Fedro).
Górgias – introduziu a retórica em muitas partes da Grécia, onde teve muitos discípulos (dentre eles, Isócrates). Górgias, Protágoras, Pródico e Hípias exaltavam a retórica e sua arte. Górgias reconhecia ensinar não a virtude, mas a persuasão. Platão e Aristóteles, logicamente, condenavam todos estes. O próprio Aristóteles visou transformar a retórica n’um instrumento da verdade. Afirmava ser o fundador da arte da Lógica (e o é!). Sua Poética é o princípio da verdadeira crítica literária.

1) Lógica (divisão aristotélica):
A) Analíticos Posteriores – demonstração científica cujo tema são as premissas verdadeiras, essenciais e certas. Raciocínio meramente expositivo, (re)conclusivo. Os Analíticos Primeiros lidam com a certeza pela forma.
B) Tópicos (Topica) – dialética tem como tema a opinião, não o conhecimento absolutamente certo (premissas prováveis). Debate conduzido n’um espírito de inquirição e amor. Os “diálogos” de Platão são o exemplo perfeito.
C) Refutações Sofísticas (falácias materiais) – Sofística = premissas que aparentam ser geralmente aceitas e apropriadas, mas que realmente não o são. A aparência da verdade como objetivo. Criticar e humilhar o “oponente” n’um debate contencioso. Hoje em dia, a Sofística é o “debate” de idéias, claramente (culpa do Nominalismo-subjetivismo).
2) Retórica – a outra face da Dialética (Aristóteles):










Modos de persuasão (Aristóteles)
A) Persuasão – obtida pelo logos, pathos e ethos.
  • Logos – requer que o emissor convença o público pela verdade que diz.
  • Pathos – disposição mental favorável ao convencimento do público.
  • Ethos – inspirar no público, por qualidade pessoal, confiança na sua figura.
B) Estilo – boa dicção, boa estrutura gramatical, cadência (ritmo) agradável; linguagem clara e apropriada, metáfora eficaz, etc.
C) Organização – ordem das partes: introdução, declaração e prova (conclusão).


No próximo post, o resumo da arte poética.

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