domingo, 13 de setembro de 2009

O argumento ontológico de Santo Anselmo - parte IV

ANÁLISE CRÍTICA DE MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS

É o argumento de Santo Anselmo assim tão frágil? De modo algum, diz Mário.

Importante ressaltar: é preciso saber de antemão que Santo Anselmo, inaugurador da Escolástica, pertencia à vertente genuinamente (neo)platônica. Para ele o "mundo das Formas" tinha uma importância basilar.


As objeções ao argumento anselmiano em geral dizem que ele prova a realidade apenas da idéia.
Mas que realidade? A empírica, a física ou uma transfísica?

Mário diz que a única realidade que resta ao enunciado de Deus é a transfísica (por isso São Tomás de Aquino criticar no argumento o seu "salto ilegítimo" do lógico para o ontológico).

Deus não está no empiria, sublinha Mário, assim como a ilha perdida de Gaunilon é tal qual comparada ao conhecimento empírico. O Ser não é empírico - o Ser é infinito e não pode ser pensado como não-Ser.

A concepção de um "Ser que nada de maior se pode conceber" é um símbolo da vivência do Ser.
Por mais que tentemos ir além, o mais superior será sempre "o mais superior" - não pode haver algo mais superior que o mais superior. Cada "tentativa", cada concepção superior será sempre um símbolo deste Ser.

Podemos negar a existência de coisas que existem, mas negar o Ser é negar todo o fundamento do qual se participa. É negar a hierarquia das perfeições (ao modo platônico).

Diz Mário na página 91 do seu O Homem Perante o Infinito:
Todo filósofo que levar avante e com segurança o seu pensamento, mesmo ateísta, terá de concordar que todas as perfeições, surgidas no processo do devir, estavam contidas, em máximo grau naquele Ser que não tem princípio nem fim, pois, do contrário, teria que admitir que tais perfeições surgiram do nada.


Duns Scotus
renovou os argumentos de Anselmo e os tornou irrefutáveis.
No próximo post, veremos o que o nosso nobre Mário Ferreira tem a dizer sobre isso.

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